22/09/2012 06h49
- Atualizado em
22/09/2012 06h49
Relatório da ONU explica como a água contaminada prejudica a saúde
Estudo também fala como a poluição hídrica pode impactar ecossistemas. Outra pesquisa das Nações Unidas fala sobre sistemas de tratamento de água
Ciclo da água utilizada ao longo da cadeia de abastecimento (Foto: Divulgação/OMS/FAO/UNESCO/IWMI)
Com o grande crescimento populacional e urbano em todo o planeta, expandir e intensificar a produção de alimentos coloca pressão sobre os recursos hídricos, além de aumentar a descarga não regulamentada ou ilegal de água contaminada diretamente nos ecossistemas. As estatísticas são gritantes: dois milhões de toneladas de esgoto, bem como resíduos industriais e agrícolas são descarregados em cursos de água do mundo, de acordo com relatório publicado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em 2010.
Isso representa uma ameaça global para a saúde humana e para o meio ambiente, assim como tem consequências imediatas e de longo prazo nos esforços de redução da pobreza e da miséria. Pelo menos 1,8 milhão de crianças menores de cinco anos de idade morrem a cada ano de doenças relacionadas com a água, ou uma a cada 20 segundos. Mais de metade das camas dos hospitais do mundo estão ocupadas com pessoas que sofrem de doenças relacionadas à água contaminada e mais pessoas morrem por conta do problema do que de todas as formas de violência, incluindo as guerras.
Esses e outros dados estão presentes no relatório “Sick Water? – The Central Role of Wastewater Management in Sustanaible Development” (“Água Doente? – O papel central da gestão das águas residuais no desenvolvimento sustentável”), publicado pelo Pnuma em 22 de março de 2010, Dia Mundial da Água. As estatísticas mostram que a água doce e os ecossistemas costeiros de todos os continentes, dos quais a humanidade depende há milênios, são cada vez mais ameaçados. Fica igualmente claro no estudo que as demandas futuras de água não poderão ser supridas enquanto a gestão de águas contaminadas – também conhecidas como residuais – não for solucionada.
O estudo foi montado com base em dados relacionados à qualidade da água em todo o planeta, fornecidos pela ONU-Habitat, pela Organização Mundial de Saúde – OMS, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (sigla em inglês), pela ONU Água, pela Unesco, entre outros programas da ONU.
1,8 milhão de crianças morrem por ano de doenças
relacionadas à água contaminada
(Foto: Divulgação/UNEP/UNHABITAT)
De acordo com o relatório, as águas residuais são definidas como "uma
combinação de um ou mais dos seguintes: efluentes domésticos compostos
de águas negras (fezes, urina e lama fecal) e águas cinzas (águas
residuais de cozinha e banhos); águas de estabelecimentos comerciais e
instituições, incluindo hospitais; industrial de águas pluviais,
efluentes e outros canais urbanos; efluentes da agricultura,
horticultura e aquicultura matéria, tanto ou dissolvidos quanto
suspensos”.relacionadas à água contaminada
(Foto: Divulgação/UNEP/UNHABITAT)
Segundo o GRID-Arendal – centro colaborativo do Pnuma sediado na Noruega –, as águas residuais são vetores de doenças e contribuem para o aumento dos níveis de mortalidade e morbidade (incidência relativa de uma determinada doença). “As águas residuais podem contribuir para problemas de saúde nas seguintes maneiras: primeiro pela transmissão de doenças por micróbios de água fecal que contaminam o corpo quando a água é ingerida; segundo, por piscinas e coletas de águas residuais que permitem a multiplicação de vetores de doenças humanas”, informa a instituição.
Além de serem altamente prejudiciais à saúde humana, as águas residuais também contribuem para impactos em diferentes ecossistemas, como o derretimento das calotas polares. O GRID-Arendal explica que a falta de tratamento das águas residuais provoca emissões de gases - particularmente de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20) -, que contribuem para o efeito estufa, conduzindo a temperaturas mais elevadas, o que, por sua vez leva à fusão das calotas polares”.
Cuidados com as águas
Antonio Felix Domingues (Foto: Divulgação/
Raylton Alves/Banco de Imagens ANA)
Enquanto o “Sick Water” aborda os males das águas residuais, o relatório “Clearing the Waters: a focus on water quality solutions”,
lançado no mesmo dia que o primeiro, foca nas soluções práticas de
problemas que envolvem a situação da água em vários locais do planeta.
“A publicação incita toda a comunidade internacional, e não apenas os
governos, a agirem com responsabilidade e cooperação”, explica Antonio
Felix Domingues, que coordenou a tradução da publicação do Pnuma pela
Agência Nacional de Águas (ANA).Raylton Alves/Banco de Imagens ANA)
Sob o título “Cuidando das Águas – soluções para melhorar a qualidade dos recursos hídricos”, a tradução incluiu um capítulo sobre ações e programas da ANA e de outras instituições, cujo objetivo é melhorar a qualidade das águas no Brasil.
Sem dúvida o principal desafio para a manutenção da qualidade das águas ou a reversão de mananciais de situação crítica é o lançamento de carga orgânica, ou seja, esgotos, nos mananciais. Para reverter esse quadro são necessários investimentos em ampliações do sistema de coleta de esgotos, em Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), ou no aumento de sua eficiência. “A melhoria da qualidade das águas ao longo das próximas décadas dependerá de um esforço conjunto de vários setores da sociedade e demandará recursos significativos”, completa Domingues.
fonte: Globo ecologia
No Brasil, 50% da água tratada é desperdiçada. E o pior é que essa água retorna aos mananciais após o uso, sem tratamento e, novamente, retorna a nós para consumo após vários tratamentos com custos elevadíssimos. Entre os maus hábitos estaria a lavagem de carro, calçadas, roupas, banhos demorados, louças na qual é desperdiçada mais água do que o necessário, além de vazamentos. Uma gota de água caindo o dia inteiro corresponde a 46 Litros. Outro problema é a contaminação dessa água por chorume dos grandes lixões nas cidades. No Brasil, cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Com isso, o lixo se tornou um dos grandes problemas das metrópoles. Pela legislação vigente, cabe às prefeituras gerenciar a coleta e destinação dos resíduos sólidos. De acordo com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto.
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