sábado, 22 de setembro de 2012


15/09/2012 06h41 - Atualizado em 15/09/2012 06h54

Política visa democratizar acesso a orgânicos e aumentar sua produção

Isentos de resíduos químicos prejudiciais à saúde humana e animal, alimentos são mais seguros, não contaminam o meio ambiente e duram

Alimentos orgânicos (Foto: Divulgação / Brasilbio)Alimentos orgânicos (Foto: Divulgação / Brasilbio)
Por pura falta de informação, muitos confundem o alimento orgânico com o natural, o hidropônico e até o transgênico. Mas os conceitos são totalmente diferentes e a Associação Brasileira de Orgânicos (Brasilbio) vem lutando desde 2004 para divulgar a importância para o país da produção orgânica, que cresce vertiginosamente principalmente na Europa e nos Estados Unidos. No mundo todo, os orgânicos geram em torno de R$ 95 bilhões por ano com seus 60 milhões de hectares de terras próprias para esse tipo de cultivo.
“O cenário brasileiro tem crescimento de aproximadamente 20% ao ano, mas o mercado ainda é tímido e pouco estruturado, gerando em torno de R$ 14 milhões. Temos 809 mil hectares representando apenas 0,3% de toda área, com 90 mil produtores cadastrados, segundo o Censo 2006. Apenas 10% desses produtores são certificados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, explica Lutero Couto, vice-presidente da Brasilbio. "O que nossa associação propõe é a democratização do consumo de orgânicos, ou seja, de alimentos saudáveis, e isso implica em produção em escala e a preços civilizados.”
A agricultura orgânica costuma ser relacionada a produções em pequena escala. Mas desde dezembro de 2003, os produtores vêm se adequando e adaptando às regras impostas pela Lei nº. 10.831, que em seu artigo 1º sacramentou “o sistema orgânico de produção agropecuária é todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais”. Em agosto deste ano, o Diário Oficial da União publicou o decreto 7.794, que institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, assinado pela presidenta Dilma Rousseff. Os objetivos são integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica, da produção orgânica e de base agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população.
“A Lei de 2003 regulamentaria, mas faltava uma política do setor que olhe o orgânico não como nicho, mas como um dos eixos de desenvolvimento sustentável do país. A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica define um marco regulatório. Até a edição deste decreto, o orgânico era voltado para a classe A e B e para a exportação. Um dos esforços hoje é para colocarmos o alimento orgânico nas escolas”, diz o vice-presidente da Brasilbio. “A legislação estimula o resgate de técnicas tradicionais de manejo de produção biologicamente sustentável, que foram extinguidas pelo manejo convencional que utiliza produtos químicos.”
Alimentos orgânicos (Foto: Divulgação / Brasilbio)Alimentos orgânicos (Foto: Divulgação / Brasilbio)
Desde a década de 1970, quando o processo orgânico começou a ser difundido no meio acadêmico e científico, novas tecnologias foram desenvolvidas e estudos realizados para evitar pragas e doenças sem a utilização de agrotóxicos:
“Uma planta nutricionalmente equilibrada fica resistente aos ataques de insetos e outros seres danosos. Para combater as pragas é preciso usar adubação orgânica com adubos minerais pouco solúveis, bem como micronutrientes. Desta forma, a planta recebe os nutrientes de maneira gradual e necessária. Na produção agroecológica, não eliminamos insetos predadores nem aranhas ou mesmo passarinhos. Eles são inimigos naturais das pragas de nossa lavoura”, comenta Lutero Couto.
Diferente da produção convencional, a produção de orgânicos não utiliza agrotóxicos, transgênicos, fertilizantes sintéticos. Além disso, não são processados com radiação ionizadora ou aditivos, seja na questão nutricional da planta ou no tratamento contra doenças e pragas. Esses alimentos são isentos de quaisquer resíduos de agroquímicos prejudiciais à saúde humana e animal, são mais seguros para o consumidor e não contaminam o meio ambiente. E, de acordo com Lutero Couto, os alimentos ainda podem ficar mais tempo na geladeira:
“Os alimentos orgânicos têm melhor valor nutricional porque são produzidos em solo mais equilibrado em nutrientes. São ricos em minerais e fitoquímicos. Eles têm menor toxicidade, pois possuem menos resíduos de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, de hormônios e drogas veterinários usadas na produção animal ou aditivos químicos, de vitaminas e minerais sintéticos e de substâncias radioativas resultantes do processamento dos alimentos. Os métodos de higienização e processamento buscam manter a qualidade nutricional, o sabor, o odor e a textura originais, além do aspecto natural do alimento. Por isso, os orgânicos são mais saborosos. E os alimentos orgânicos ainda duram mais, uma vez que a adubação sintética nitrogenada, proibida na agricultura orgânica, leva a um aumento no teor de água dos vegetais, tornando os alimentos mais perecíveis.”

fonte: Globo Ecologia

22/09/2012 06h49 - Atualizado em 22/09/2012 06h49

Relatório da ONU explica como a água contaminada prejudica a saúde

Estudo também fala como a poluição hídrica pode impactar ecossistemas. Outra pesquisa das Nações Unidas fala sobre sistemas de tratamento de água

Sick Water (Foto: Divulgação/OMS/FAO/UNESCO/IWMI)Ciclo da água utilizada ao longo da cadeia de abastecimento (Foto: Divulgação/OMS/FAO/UNESCO/IWMI)



Com o grande crescimento populacional e urbano em todo o planeta, expandir e intensificar a produção de alimentos coloca pressão sobre os recursos hídricos, além de aumentar a descarga não regulamentada ou ilegal de água contaminada diretamente nos ecossistemas. As estatísticas são gritantes: dois milhões de toneladas de esgoto, bem como resíduos industriais e agrícolas são descarregados em cursos de água do mundo, de acordo com relatório publicado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em 2010.
Isso representa uma ameaça global para a saúde humana e para o meio ambiente, assim como tem consequências imediatas e de longo prazo nos esforços de redução da pobreza e da miséria. Pelo menos 1,8 milhão de crianças menores de cinco anos de idade morrem a cada ano de doenças relacionadas com a água, ou uma a cada 20 segundos. Mais de metade das camas dos hospitais do mundo estão ocupadas com pessoas que sofrem de doenças relacionadas à água contaminada e mais pessoas morrem por conta do problema do que de todas as formas de violência, incluindo as guerras.
Esses e outros dados estão presentes no relatório “Sick Water? – The Central Role of Wastewater Management in Sustanaible Development” (“Água Doente? – O papel central da gestão das águas residuais no desenvolvimento sustentável”), publicado pelo Pnuma em 22 de março de 2010, Dia Mundial da Água. As estatísticas mostram que a água doce e os ecossistemas costeiros de todos os continentes, dos quais a humanidade depende há milênios, são cada vez mais ameaçados. Fica igualmente claro no estudo que as demandas futuras de água não poderão ser supridas enquanto a gestão de águas contaminadas – também conhecidas como residuais – não for solucionada.
O estudo foi montado com base em dados relacionados à qualidade da água em todo o planeta, fornecidos pela ONU-Habitat, pela Organização Mundial de Saúde – OMS, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (sigla em inglês), pela ONU Água, pela Unesco, entre outros programas da ONU.
"Sick Water": Relatório da ONU sobre paguas residuais (Foto: Divulgação/UNEP/UNHABITAT)1,8 milhão de crianças morrem por ano de doenças
relacionadas à água contaminada
(Foto: Divulgação/UNEP/UNHABITAT)
De acordo com o relatório, as águas residuais são definidas como "uma combinação de um ou mais dos seguintes: efluentes domésticos compostos de águas negras (fezes, urina e lama fecal) e águas cinzas (águas residuais de cozinha e banhos); águas de estabelecimentos comerciais e instituições, incluindo hospitais; industrial de águas pluviais, efluentes e outros canais urbanos; efluentes da agricultura, horticultura e aquicultura matéria, tanto ou dissolvidos quanto suspensos”.
Segundo o GRID-Arendal – centro colaborativo do Pnuma sediado na Noruega –, as águas residuais são vetores de doenças e contribuem para o aumento dos níveis de mortalidade e morbidade (incidência relativa de uma determinada doença). “As águas residuais podem contribuir para problemas de saúde nas seguintes maneiras: primeiro pela transmissão de doenças por micróbios de água fecal que contaminam o corpo quando a água é ingerida; segundo, por piscinas e coletas de águas residuais que permitem a multiplicação de vetores de doenças humanas”, informa a instituição.
Além de serem altamente prejudiciais à saúde humana, as águas residuais também contribuem para impactos em diferentes ecossistemas, como o derretimento das calotas polares. O GRID-Arendal explica que a falta de tratamento das águas residuais provoca emissões de gases - particularmente de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N20)  -, que contribuem para o efeito estufa, conduzindo a temperaturas mais elevadas, o que, por sua vez leva à fusão das calotas polares”.
Cuidados com as águas
Antonio Felix Domingues (Foto: Divulgação/Raylton Alves/Banco de Imagens ANA)Antonio Felix Domingues (Foto: Divulgação/
Raylton Alves/Banco de Imagens ANA)
Enquanto o “Sick Water” aborda os males das águas residuais, o relatório “Clearing the Waters: a focus on water quality solutions”, lançado no mesmo dia que o primeiro, foca nas soluções práticas de problemas que envolvem a situação da água em vários locais do planeta. “A publicação incita toda a comunidade internacional, e não apenas os governos, a agirem com responsabilidade e cooperação”, explica Antonio Felix Domingues, que coordenou a tradução da publicação do Pnuma pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Sob o título “Cuidando das Águas – soluções para melhorar a qualidade dos recursos hídricos”, a tradução incluiu um capítulo sobre ações e programas da ANA e de outras instituições, cujo objetivo é melhorar a qualidade das águas no Brasil.
Sem dúvida o principal desafio para a manutenção da qualidade das águas ou a reversão de mananciais de situação crítica é o lançamento de carga orgânica, ou seja, esgotos, nos mananciais. Para reverter esse quadro são necessários investimentos em ampliações do sistema de coleta de esgotos, em Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), ou no aumento de sua eficiência. “A melhoria da qualidade das águas ao longo das próximas décadas dependerá de um esforço conjunto de vários setores da sociedade e demandará recursos significativos”, completa Domingues.

fonte: Globo ecologia

Cerca de 30 milhões de hectares precisarão ser reflorestados

Ação deverá ocorrer por causa das exigências do Novo Código Florestal

por Agência Brasil
 Shutterstock
“A gente conta com o processo de educação ambiental, em que as pessoas compreendam e o agricultor também compreenda que a preservação do meio ambiente também é um ativo da sua propriedade”, disse Vargas.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, disse nesta terça feira (5/6) que, de acordo com o novo Código Florestal Brasileiro, será necessário reflorestar cerca de 30 milhões de hectares de terras. Para fazer uma comparação, a área plantada com grãos na safra 2011/2012 alcançou 51 milhões de hectares. Apesar do tamanho da área, o ministro disse que nenhum produtor terá sua propriedade inviabilizada economicamente e afirmou contar com a conscientização da população e dos produtores.
“A gente conta com o processo de educação ambiental, em que as pessoas compreendam e o agricultor também compreenda que a preservação do meio ambiente também é um ativo da sua propriedade”, disse Vargas.
Sobre as mais de 600 emendas recebidas pela Secretaria de Comissões Mistas do Senado com sugestões de mudanças no texto da medida provisória que pretende acabar com as brechas deixadas pelos vetos ao texto do novo Código Florestal, o ministro disse que o governo respeita o processo democrático e que qualquer contribuição que sirva para aperfeiçoar será aplaudida, mas espera que não seja criado um novo impasse.
“Há os que desmataram e os que preservaram. Não podemos configurar anistia”, explicou o ministro, dizendo também que os agricultores que não aderirem no plano de recomposição não devem receber financiamentos do Estado.
Durante o programa, Pepe Vargas respondeu também a perguntas sobre reforma agrária e criticou a demora para se julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para reduzir os juros compensatórios de 12% pagos na desapropriação de terras.
“Essa Adin está tramitando há dez anos. Com toda a redução da taxa Selic, com toda adaptação do sistema financeiro, pagar 12% de juros compensatórios é um acinte. Assim, vale a pena ser desapropriado, remunera melhor do que qualquer fundo de investimento”, disse após o programa.
“Eu não vou entrar na pauta do [Supremo Tribunal Federal] STF, mas essa não é uma pauta menor, porque quebra o princípio da economicidade, que é um princípio constitucional, inclusive”, destacou.
O ministro falou ainda sobre a possibilidade de se fazer compras diretas da agricultura familiar pela internet, o que deve começar a ocorrer a partir de novembro, com lançamento previsto na Feira Nacional da Agricultura Familiar, no Rio de Janeiro, este ano. “Estamos priorizando cooperativas e associações pra eles venderem para clientes como supermercados, redes de hotéis, e também aos programas de compras governamentais, porque é isso que viabiliza o mercado mais consistente. Depois, a gente vai para a pulverização.”
Fonte: Globo Rural